domingo, novembro 27, 2005

A Luíz de Freitas Branco e Luigi Boccherini


Luíz de Freitas Branco

Comemora-se hoje 50 anos sobre o desaparecimento de Luíz de Freitas Branco.

Embora tenha sido sobejamente anunciado o ciclo de concertos e palestras sobre o compositor, é importante conhecer um pouco da vida e obra daquele que foi uma das figuras mais importantes do séc. XX.

Está na internet uma entrevista brilhante a João Maria Freitas Branco, em francês, que espelha a genialidade do clã Freitas Branco.

Por outro lado passou despercebido o centenário do italiano Luigi Boccherini (1743-1805).


Luigi Boccherini

No linque de cima pode mesmo escutar algumas das suas obras mais importantes. Boccherini morreu em Madrid em extrema miséria. O seu mecenas era inicialmente o infante Luís que não conseguiu do seu sucessor (Carlos IV) a protecção merecida a Boccherini. Parece que o tempo o esqueceu... pois nem no seu bicentenário se fez uma nota sobre si.

sábado, novembro 26, 2005

Grão de Amor


Na rúbrica Música da Semana recomendo uma canção fantástica do Álbum Saiba de Arnaldo Antunes.

Grão de Amor pode ser escutado clicando com o dtº do rato e abrindo noutra janela.

A música tem a voz linda e co-produção brilhante de Marisa Monte.

Grão de Amor

Composição: Carlinhos Brown / Marisa Monte

Me deixe sim
Mas só se for
Pra ir aí
E pra voltar

Me deixe sim
Meu grão de amor
Mas nunca deixe
De me amar

Agora as noites são tão longas
No escuro eu penso em te encontrar
Me deixe só
Até a hora de voltar

Me esqueça sim
Pra não sofrer
Pra não chorar
Pra não sentir

Me esqueça sim
Que eu quero ver
Você tentar
Se conseguir

A cama agora está tão fria
Ainda sinto seu calor
Me esqueça sim
Mas nunca esqueça o meu amor

É só você que vem
No meu cantar meu bem
É só pensar que vem
Láia laia

Me cobre mil telefonemas
Depois me cubra de paixão
Me pegue bem
Misture alma e coração

quarta-feira, novembro 23, 2005

O sacrifício de Sitá

As epopeias da India são uma coisa "fabulosa" (mesmo de fábula). O Ramayena que foi escrito no período clássico do sânscrito é geralmente atribuído a Valmiki, um sábio que vivia na floresta.


Os heróis desta epopeia são diferentes dos da época lendária. Isso pode ver-se no carácter do herói Rama, já profundamente indiano, guerreiro por nascimento e educação (casta dos Ksatryas), mas mais humano que Indra e Varuna, divindades védicas (de onde datam os Vedas, as escrituras sagradas - Veda vem da raiz sânscrita Vid =ver)


Se bem que é um herói deificado, como homem, é um filho obediente, um irmão leal, esposo amantissimo, rei benévolo, cavaleiro fidalgo, amigo sincero e inimigo generoso, qualidades que lhe deram encarnação divina mas como simples mortal, tem as mesmas paixões e sentimentos de todos os mortais.

Rama, um de quatro filhos do rei Dasarata, foi o único capaz de vergar o arco do deus Rudra e por isso ganhou a mão de Sitá, filha de Janaka de Videha, moderno Tirhut.


Tremendamente apaixonados, este jovem casal não deixou de passar por várias provações, entre as quais o rapto de Sitá por Ravana e a sua clausura em Lanká.

Rama conseguiu resgatar Sitá das garras de Ravana e fugir da ilha de Lanká (actual Sri Lanka) num carro alado. Mas isto era apenas o inicio de uma mais longa separação.

Circulavam no palácio rumores de que Sitá não teria sido fiel a Rama enquanto esteve prisioneira. Sitá nem por sombras quis crer que Rama acreditava em tais boatos. Ela jamais teria perdido a sua pureza para outro homem.


Resolveu então sacrificar-se ao fogo, lançando-se nas chamas flamejantes de uma pira. Mas Agni, o Deus do Fogo (atente-se na semelhança com o latim ignis), poupa-a e nem sequer ao de leve o seu vestuário e os seus cabelos foram tocados pelas chamas, que se afastam e criam à sua volta um circulo e sobre a sua cabeça uma aurea de fogo. Rama, ao assistir a este episódio, entoa-lhe cânticos de louvor, afirmando jamais ter desconfiado da sua pureza.

No entanto, tempos volvidos, os rumores tomaram dimensões inesperadas. Rama, convencido que a sua esposa, de natureza dupla, divina e humana, o teria realmente traído, mandou um homem da sua confiança acompanhar Sitá à floresta e matá-la aí, trazendo como prova um pedaço das suas vestes manchadas de sangue.

Na floresta, o aio de Rama não teve coragem de sacrificar Sitá. Poupou-lhe a vida, dizendo-lhe para fugir e não mais aparecer na corte. Sitá assim fez, coberta de lágrimas. O aio feriu um animal no caminho e levou como prova a Rama.

Quem recolheu Sitá foi o sábio Valmiki, o autor do Ramayena. Sitá estava grávida e dessa gravidez resultaram dois belos rapazes: Kusha e Lava. Valmiki ensinou desde cedo os jovens a cantar os feitos de seu pai e enviou-os um dia à corte para cantarem e glorificarem o seu pai pessoalmente.


Rama ficou impressionado com a emoção dos jovens. Perguntou-lhe de onde vinham. Eles responderam que eram filhos de Sitá. Rama ficou radiante. Perguntou-lhes por Sitá. Valmiki disse que Sitá estava na floresta onde criara os seus filhos.

Rama quis ver imediatamente Sitá. Ao vê-la sentiu ainda a sua paixão e ofereceu-lhe o seu trono. Mas, Sitá, incorruptivel até ao último momento, proclama:
"Oh Terra, tu a quem devo a minha existência, justifica-me este dia em presença de todo o universo; e se é verdade que eu nunca deixei de ser uma mulher virtuosa, concede-me a prova irrefutável da minha castidade, abrindo debaixo dos meus pés e engolindo-me."


Mal pronunciou estas palavras, a terra, respondendo ao seu rogo, abriu-se e engoliu-a viva nas suas entranhas. Rama não sobreviveu muito tempo à sua esposa e dividindo o seu reino pelos seus dois filhos, retirou-se para as margens do Ganges, onde viveu os seus derradeiros dias em retiro espiritual e arrependimento, livertando-se assim da roda da vida.

Páginas que o tempo tece...

segunda-feira, novembro 21, 2005

Ao sentimento da distância


Procuro em cada som uma mensagem tua

Corro a casa em espera:

Talvez daqui a pouco...

Só mais uns minutos...

Talvez agora não possa...


Corro a paisagem sem te ver,

Não sei de ti.

Preciso te ver

Preciso de te tocar

Preciso do teu beijo

Do calor do teu corpo

Mas nada...


Nada parece sobrar de nós

O tempo apagou tudo o que existiu.

Sei que não temos futuro...

As vezes que já ouvi isto...

Mas eu não quero o futuro

Quero o presente

Pois é nele que vivo

É nele que sou feliz

É nele que o Universo se realiza.


Compreendo a distância

Ela é a incerteza

Que define a certeza

Do querer ou não querer.


Compreendo a distância...

Essa vil tormenta dos amantes

Que mascara o sentimento

Com sombras de esquecimento.


Não compreendo a distância...


E espero uma mensagem que há de chegar:

Talvez daqui a pouco...

Só mais uns minutos...

Talvez agora não possa...


E neste jogo entre a paciência e a esperança

Entre o nervosismo e a desilusão

Passo os meus minutos

Me torno louco

Do peso do dia

Do peso do mundo

Que agora carrego sozinho


Mas...

Talvez daqui a pouco...

Só mais uns minutos...

Talvez agora não possa...


Não compreendo a distância...

25/Maio/2004

quinta-feira, novembro 17, 2005

A Sagração da Primavera de Igor Stravinsky (1882-1971)

Escrevo hoje umas linhas sobre A Sagração da Primavera, a não perder no grande auditório do CCB, dia 18 e 19 de Novembro pelas 21hoo.
...
O autor desta brilhante composição descreveu-a assim:
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“Na «Sagração da Primavera» quis expressar a elevação sublime da Natureza renovando‑se a si própria [...]. No Prelúdio, antes da cortina se erguer, confiei à minha orquestra a expressão do grande medo que pesa sobre qualquer alma sensível quando confrontada com potencialidades, com o “que é próprio de cada um” e que pode crescer e desenvolver‑se infinitamente. Um frágil som de flauta contém potencialidades, disseminando‑se por toda a orquestra. É a obscura e imensa sensação de que todas as coisas estão conscientes quando a Natureza renova as suas formas; é o vago e profundo mal‑estar da puberdade universal. Mesmo na orquestração e no desenvolvimento melódico procurei definir esse estado.

Todo o Prelúdio está baseado num contínuo «mezzo forte». A melodia desenvolve‑se numa linha horizontal que apenas o conjunto de instrumentos (o poder intenso e dinâmico da orquestra e não da linha melódica em si própria) pode fazer crescer ou diminuir. Como resultado, não atribuí esta melodia às cordas que são demasiado simbólicas e representativas da voz humana; com os «crescendos» e «diminuendos» apresentei, antes, os instrumentos de sopro que têm um som mais seco, que são mais precisos, menos apetrechados para a expressão fácil e, deste modo, mais adequados ao meu propósito.
...

Numa palavra, procurei expressar neste Prelúdio o medo da natureza antes do surgimento da beleza, o terror sagrado perante o Sol do meio-dia, uma espécie de grito pagão. O próprio material musical cresce, dilata‑se, expande­‑se. Cada instrumento é como um botão que se desenvolve na casca de uma árvore envelhecida; torna‑se parte de um todo imponente. E toda a orquestra, toda esta aglomeração de instrumentos, deve ter a significação do Nascimento da Primavera.

Na primeira cena, alguns rapazes aparecem acompanhados de uma mulher muito velha, cuja idade e até o século é incerto, que conhece os segredos da Natureza e ensina aos seus filhos a Profecia. Ela corre, inclinada sobre a terra, meio‑mulher, meio‑animal. Os adolescentes, a seu lado, são os Áugures da Primavera que marcam com os seus passos o ritmo e o pulsar primaveril.

Durante este momento, as raparigas chegam do rio. Formam um círculo que se mistura com o círculo dos rapazes. Eles, no seu conjunto, ainda não são seres totalmente formados, o seu sexo é único e duplo como o de uma árvore. Os grupos misturam‑se mas, nos seus ritmos, adivinha‑se o seu próprio fim. Com efeito, eles dividem‑se para a direita e para a esquerda. É a realização da forma, a síntese dos ritmos e o que é gerado produz um novo ritmo.
..

Os grupos separam‑se e competem entre si; mensageiros vão de um lado para o outro e iniciam‑se disputas. É a definição das forças através do esforço, o mesmo é dizer através dos jogos. Mas uma Procissão chega. É o Santo, o Sábio, o Pontífice, o mais velho do clã. Todos ficam aterrorizados. O Sábio bendiz a terra, estendendo-se sobre ela com os braços e as pernas esticados, tornando‑se um único com o solo. A sua bênção é um sinal para a irrupção do ritmo. Cada um, cobrindo a sua cabeça, corre em espiral, multiplicando‑se como as novas energias da Natureza. É a Dança da Terra.

A segunda cena começa com um jogo obscuro das raparigas. No começo, o quadro musical é baseado na canção que acompanha as suas danças. Elas marcam com o seu dançar o lugar em que a Eleita será confinada e do qual não se poderá mover. A Eleita é aquela que se consagrará à Primavera e que dará a esta a força que a juventude tirou.

As jovens dançam em volta da Eleita, numa espécie de glorificação. Então acontece a purificação do solo e a Evocação dos Anciãos. Os Anciãos reúnem‑se em volta da Eleita que começa a “Dança da Consagração”. Quando ela está quase a cair, exausta, os Anciãos, apercebendo‑se disso, lançam­‑se sobre ela como monstros de rapina de forma a que ela não possa tocar no solo, agarrando‑a e elevando‑a em direcção ao céu. O ciclo anual das forças que nasceram de novo e que cairão outra vez no seio da natureza é realizado nos seus ritmos essenciais.
Sinto‑me muito feliz por ter encontrado em Nijinsky o colaborador ideal e em Roerich, o criador da atmosfera plástica para esta obra de fé.”

In Igor Stravinsky, «Ce que j’ai voulu exprimer dans le Sacre du Printemps » Montjoie! I/8, 29 de Maio de 1913 (cit. in Peter Hill, Stravinsky. The Rite of Spring, Cambridge et al., Cambridge University Press, 2000, pp.93‑94).
Sobre a Shen Wei Dance Arts (Companhia que traz a peça ao CCB)

Sediada em Nova Iorque, a Shen Wei Dance Arts foi fundada em 2000 e dedica-se à criação de dança baseada na fusão de várias formas de arte: dança, teatro, ópera chinesa, pintura e escultura que resultam num hibridismo muito original da cultura oriental e ocidental.
"O processo criativo de Shen Wei parte da experimentação do movimento onde cada um dos seus trabalhos multifacetados exigem a invenção de um vocabulário físico inteiramente novo.

sexta-feira, novembro 11, 2005

A avó Eglantina


Apaixonei-me pela minha bisavó na mon­tra de um papelaria do meu bairro.
Celeste, acho que era o nome. Da papelaria, claro: a mi­nha bisavó chamava-se Eglantina, estava de pé, muito direita, metida num longo vestido preto com gola branca, segu­rando as rédeas de uma carrocinha castanha, diante de um campo de trigo, com ar de quem acabou de dizer para o meu bisavô: — São ho­ras da ceifa, Januário.

Fiquei muito tempo a olhar para ela, pen­sando por que razão não estava o meu bisavô a seu lado, no postal. Afazeres, decerto: os bisavôs são gente de muito trabalho. De repen­te pareceu-me vê-la a piscar-me o olho, mas rapidamente me dei conta do engano: bisavó que se preza não anda neste mundo a piscar o olho à primeira bisneta que lhe aparece pela frente.
Em casa, disse à minha mãe:
— Há um retrato da bisavó Eglantina na montra da Papelaria Celeste. Está diante de um campo de trigo, cheia de saudades minhas.
A minha mãe engasgou-se, tossiu, recom­pôs-se e disse:
— A tua bisavó chamava-se Maria das Dores, e o único campo que conheceu era o quintal onde estendia a roupa.
O meu pai, sempre económico com as pa­lavras, disse:
— A tua bisavó morreu há tantos anos que nem me lembro do nome.
Bisneta honrada não tem ouvidos. Trinquei um gomo de laranja, e disse:
— A minha bisavó chama-se Eglantina, e vai ficar em cima da minha mesa-de-cabeceira. O meu quarto é grande, e uma bisavó ocupa pouco espaço. Além de que uma bisavó faz sempre muito jeito numa casa.
- Ainda tens pouca tralha no teu quarto... — disse a minha mãe.
—Mania das grandezas... Para que quererás tu uma bisavó, não me dizes? — resmungou o meu pai.

Bisneta honrada não tem ouvidos. No dia seguinte a minha bisavó Eglantina, no seu vestido preto de gola branca, guiou a carrocinha pelo campo de trigo fora, em direcção à moldura da minha mesa de cabeceira.
Quando o sono custa a chegar, olho para ela e ela lá está, muito direita, com ar de quem acabou de dizer: "são horas da ceifa, Januário". E enquanto espero que o meu bisavô se resolva finalmente a entrar para dentro do retrato, sorrio-lhe e adormeço.
Alice Vieira

terça-feira, novembro 08, 2005

Um exercício


Peço desculpa aos amigos escritores mas este artigo teve de ser retirado pela seguinte razão:

O meu Blogue foi recomendado num boletim cultural que foi enviado agora aos sócios como um blogue temático sobre cultura indo-portuguesa.

Assim sendo, creio que não devo continuar a história neste blogue, pondo-se a hipótese de retomá-la um dia num outro blogue menos pacífico.

Obrigado pela compreensão e pela colaboração

Um abraço

Um paraíso terrestre

Um paraíso terrestre - Sir Lawrence Alma Tadema

A mãe perguntou-lhe no meio da discussão:

«E tu, filho, tu gostas de ti?»

Ele respondeu com determinação:

«Sim. Não houve um único momento na minha vida em que tenha desejado ser outro que não eu. »

Viu um sorriso esboçado no rosto da mãe.

Passaram dias, meses, talvez um ano.
Passou o tempo necessário para que percebesse porque é que gostava de si.

O amor que tinha para se dar era o amor que sua mãe lhe dera noutros tempos. Tinha sido amado como se fosse o único, num ambiente de luz e de conforto, amparado por suas finas mãos de prata, em escalas de música sacra. A sua infância tinha sido o prolongamento do útero materno, onde jamais sentira frio ou insegurança. Esse amor nunca se dissipara em movimentos vãos. Permaneceu nele como misteriosa força, florescendo a cada instante, amparando os baixos que a vida lhe mostrara. Cada dia da sua adultícia era uma nova folha que preenchia com sons que ninguém escutava mas que todos sentiam. Alegrou-se ao realizar tudo isto e pensou então dar essa notícia à sua mãe. Sentou-se na sua velha secretária de madeira pisada pela força com que escrevia e compôs a sua melodia.

quinta-feira, novembro 03, 2005

Uma história do tempo que fez


Esta é uma história complicada, assim uma espécie de menina perdida no bosque, um passarito tonto de ar à procura de ninho nos céus de uma noite escura.

É tão complicada esta minha história que nem sei já se a sonhei, se foi mesmo assim. Lembro-me de ser muito pequenino, do tamanho das sombras dos móveis e da tarde, tão pequenino que não sabia fazer muito mais do que olhar para cima, olhar sempre para cima para as pessoas e as coisas maiores do que eu...

Vivia então numa casa enorme. Tão grande aquela casa! Nela havia meia dúzia de vasos (maiores do que eu) com flores que me encantavam e que eram azúis como quando o céu é azul e que eram liláses como quando o céu é lilás. E havia um telefone branco que, como todos os telefones brancos, só tocava para dar notícias felizes. E na casa havia um gato cinzento, chamado Pompom, que a minha irmã agarrava pelo pescoço e arrastava ao longo da casa grande onde vivíamos...


A verdadeira história, porém, não é esta. É outra e nem sei se se passou, se foi coisa dos sonhos que se sonham inteiros em noites de bochechas gordas e pálpebras pesadas.

Essa outra história é assim: havia naquela casa uma frase tremenda que me perturbava. Era frase estranha e dizia, às vezes, assim:

é tempo de me ir embora!

Outras vezes, a frase mudava e dizia:

que tempo faz hoje? Está bom tempo? Está mau tempo?

E, ainda outras vezes, a frase dizia:

mesmo a tempo! Ainda bem que chegaste a tempo.

Eu, pequenino, andava ainda pela casa grande tropeçando nas sombras a tentar descobrir que coisa seria essa: o Tempo.

Uma vez, percebi. Percebi que o Tempo vivia fora da janela. E mandava no céu. Se vestia de Sol, o Tempo era bom. Se o vento soprava devagar, era o Tempo Agradável, bom de viver. Mas se, o céu se complicava e era cinza e a boca do vento empurrava brisas velozes, se as nuvens choravam tristezas de chuva, era um outro Tempo, que diziarn mau, que não era feito para se gostar mas para viver em agasalhos ou nos esconderijos das casas...

No entanto, havia um outro Tempo. Vivia dentro de casa comandado por senhores de cara redonda e bigodes direitos, muito espetados, a rodar, muito devagar, contando o Tempo. Era o Tempo dos relógios - descobri! E por ele sabíamos se estávamos atrasados, se chegávamos adiantados ou a Tempo. Ou se era Tempo de dormir ou de acordar.
E eram esses os mistérios todos que fizeram esta história complicada - que nem sei já se a sonhei se a escrevi mesmo a tempo, antes de a esquecer... Poderás tu ajudar-me a explicar, a revelar este mistério do Tempo?

Alexandre Honrado

quarta-feira, novembro 02, 2005

Dia dos Finados

Esta é uma pintura de um pintor francês cujo centenário sobre a sua morte se celebra este ano.
O seu nome era William Bouguereau e viveu entre 1825 e 1905.
Este é um dos seus quadros, que representa o dia de Todos os Santos e a temática do Dia dos Finados!


O dia dos finados

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